terça-feira, 14 de junho de 2011

SELEÇÃO NÃO É PARA OS FRACOS

Não sei se sou eu que ando de má-vontade, mas ao ver alguns trechos da entrevista de Mano Menezes no Bem Amigos (nos intervalos do Linha de Passe da ESPN) me deu a nítida sensação de que cada vez mais a seleção deixa de ser brasileira para ser um produto pasteurizado, asséptico, muito parecido com qualquer outra seleção com menos tradição.

Não tenho a pretensão de achar as causas para isso. Mas me causa bastante incomodo ver um técnico de seleção brasileira ir para um programa de debate esportivo (que além de tudo é chapa branca ao extremo) para dizer que "as coisas estão dentro do planejamento", "que estamos nos preparando para algo maior", "que o importante é sair melhor do que entrou numa competição".  Às favas.

Isso pode ser muito bonito para se dizer quando você comanda a seleção da Ucrânia, às vesperas da Eurocopa em casa. Na seleção brasileira, pentacampeã do mundo, no começo de um trabalho para jogar a Copa do Mundo em casa, querendo apagar um fantasma de mais de 60 anos é preciso mais sangue nos olhos. Não dá para ficar com papo de proposta de jogo, de metodologia do trabalho. Tem que ir lá chamar os melhores e no mínimo não atrapalhar. Além de defender seu grupo até as ultimas consequências.

Nessas horas, bate até uma saudade da ferocidade do Dunga (não pelo que ele levava a campo), da família Scolari e do "vão ter que me engolir do Zagallo".

Mano Menezes me parece mais um dos burocratas do futebol que são melhores de entrevistas do que de trabalho dentro e fora de campo. Tomara que eu queime minha língua na Copa América.


O PESO DA CAMISA DO PEÑAROL

Amanhã tem final de Libertadores e toda minha torcida estará voltada para o aurinegro de Montevidéu. Não sou simpático ao Santos, desde o chororô pós-final do Campeonato Brasileiro de 1995, apesar de ter torcido pelos Meninos da Vila no Brasileiro de 2002. Independente do rival, poucos times brasileiro me fariam não torcer pelo time uruguaio numa final de Libertadores.

Para começo de conversa, a Libertadores significa para mim um campeonato onde a torcida é capaz de fazer a diferença, mais do que em qualquer outra competição. Se eu fechar os olhos e quiser imaginar um jogo de Libertadores, sempre será um caldeirão, com a torcida cantando alucinadamente, com muita pressão no time adversário, festa com faixas, bandeiras, sinalizadores e muito papel dentro do gramado.


Mais ou menos disso que estou falando.
Pois bem, com a atual elitização dos estádios de futebol no Brasil, é um crime contra a Libertadores e a sua mística um time brasileiro ser campeão. Ainda mais um time paulista, onde nem as bandeiras são permitidas. Onde já se viu uma festa de um time campeão da Libertadores sem bandeira? Isso nom ecsiste . Enquanto os estádios brasileiros forem assolados por modinhas como mosaicos, paródias de músicas dos Mamonas e do RPM e ingressos com preços de ópera em Milão, nenhum time brasileiro mereceria ganhar a Libertadores.

Tirando esse meu radicalismo, tem o lado afetivo com o futebol uruguaio. Com os recentes ídolos botafoguenses Juan Castillo e Loco Abreu, a simpatia pelos celestes ficou maior. Mas a admiração vem de longe, afinal ser um país com menos habitantes que a cidade do Rio de Janeiro e conseguir ter tanto peso e relevância no futebol mundial (Bicampeão da Copa do Mundo e das Olimpíadas) é admirável. Com relação a seleção isso pode até ser relativizado, afinal o surgimento de uma geração talentosa é um fator preponderante para o sucesso em um torneio ou outro. Agora, um país do tamanho do Uruguai ter dois times com camisa de tamanho peso como Peñarol e Nacional, vai muito além disso. E deve ser explicado muito pela paixão de seu povo pelo esporte.


Castillo é torcedor aurinegro
Os mais jovens podem não ter a noção do peso dessa camisa, uma das mais bonitas do mundo diga-se de passagem, muito por conta do oba-oba de 90% dos jornalistas esportivos brasileiros que diminuem a relevância do futebol jogado nos países vizinhos, excluindo a Argentina e mesmo assim com apreço apenas por Boca e River. Mas ninguém é 5 vezes campeão da Libertadores e 3 vezes campeão mundial e não coloca toda a força desses títulos no seu manto.

Por isso, pela bela festa das hinchadas, para coroar o momento de crescimento do futebol uruguaio, para a felicidade do Castillo e por uma das camisas mais pesadas e belas do mundo. Amanhã soy carbonero.
Exemplo de como patrocínio na camisa não precisa ser de mau gosto.